# 11

11 # carta para uma pessoa falecida com quem gostavas de falar

 olá avô, 

 não cheguei a tempo para te conhecer, para falar contigo, para receber miminhos teus... nunca pude falar contigo, e dizer que te adorava, que eras um grande avô. ouço o meu irmão e o primos falarem de ti, e dizerem como tu eras espectacular, como eras engraçado, mas nada mais que isso. nunca pude tocar-te, e sentir a tua pele, ver se eras daqueles avôs rechonchudos, como é o avô Joaquim, ou se eras daqueles com boa forma física, nunca pude ver a cor dos teus olhos, que me diziam que eram azuis, e é algo que AMAVA ter visto...

 adoro ouvir as tuas histórias, rio-me sempre horas com elas, como daquela história em que foste a correr atrás da teté, porque a viste na rua e estava a faltar às aulas, e andaste aos berros pelo bairro atrás dela, ou quando o meu irmão fugiu da tua beira, e tu correste aflito, mesmo não conseguindo apanhá-lo e estares praticamente sem fôlego.. etc.

 não posso dizer, propriamente, que és meu avô, ou falar de ti como se algum dia estivesse estado contigo, e como se te conhecesse de 'gingeira' como aqui se diz. mas espero um dia, mesmo esse dia não estando agendado, e estar inqualificado quanto aos dias que possam durar até acontecer, espero  puder abraçar-te, e dizer: olá avô.

da tua neta que nunca conheceste, 

fiwipa