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sábado, 9 de julho de 2011

caminho para a felicidade!

Parte 21

         O funeral do meu pai foi uma semana depois. Senti-me obrigada a preparar tudo. Sentia-me cansada, sem forças. Tinha passado 1 semana e a única pessoa que me falava era a minha mãe. Os meus irmãos evitavam-me, a Mafalda tinha-se afastado, apesar de mandar mensagens de força, ela estava desiludida comigo, essa era a verdade. E o Diogo… o Diogo acabou comigo, depois de lhe terem contado que naquela festa fui para a cama com outra rapaz.
         À noite, tentava dormir, mas acabava sempre por ficar acordada, vinha-me à cabeça o acidente, os meus irmãos e a minha mãe a chorarem no hospital, tudo… E quando, por minutos, adormecia, acordava sobressaltada com medo de adormecer e não puder fazer o que precisava.
         As aulas tinham começado, e eu não estava com a mínima cabeça. Os professores, contudo, tentavam ser o mais simpático comigo, apesar de eu não querer a ajuda, nem a pena de ninguém, até porque, eu não o merecia.
Uma rapariga num dia dessa semana, tinha-me emprestado uns comprimidos, para dormir, visto que tinha umas olheiras do tamanho do mundo, mas ainda não tinha experimentado, devido a ter muito que fazer.

O dia do funeral chegou, e nem queria acreditar. Tinha escrito um texto para ler durante a missa. Não sabia quem ia, limitei-me a avisar a lista que a minha mãe tinha escrito, o que não foram poucas pessoas, na minha opinião.
A igreja estava cheia, nunca pensei que o meu pai fosse importante para tanta gente, menos para uma pessoa, que fazia todo o sentido ser a sua vida, mas que não era, e infelizmente, essa pessoa tinha sido eu.

Chegara o momento de ler o que havia escrito naquela semana. Algo que demorara a escrever, e nem sequer sabia se estava bom, não tinha mostrado a ninguém, limitei-me a escrever o que sentia.
Sentia os olhos postos em mim, como se esperassem que dissesse palavras de grandes homens, mas não o ia fazer, ia ler o que eu, a filha dele, tinha escrito.
Inês: (respirei fundo e comecei) Antes de mais, quero agradecer a toda a gente que está presente, todo o apoio e disponibilização que têm dado à minha família, tenho a certeza, de que o meu pai ficaria sensibilizado com toda a gente aqui presente…
Fiz uma pausa… Sentia as minhas pernas a enfraquecer, a tremer. E ver aquela gente ali à frente, despedaçados, a chorarem. Só conseguia ver a imagem do meu pai, mas continuei…
Inês: Esforcei-me para odiar alguém que não devia, esforcei-me para evitar alguém que não merecia, dei o que pude para esquecer a existência de alguém que lá no fundo me fazia falta. Arrependo-me. O arrependimento é uma palavra forte, mas desde há bem pouco tempo significa pouco, ou até mesmo nada na nossa sociedade, e as pessoas não se deviam arrepender, se fizessem tudo a pensar duas, três, quatro vezes antes de agir… Mas… quem sou eu para falar de arrependimento? Levei a vida toda a arrepender-me de atitudes, palavras, actos, frases, mensagens, e tudo mais. O meu pai era alguém que raramente se arrependia das coisas. Que se esforçava para fazer tudo na perfeição, sem magoar ninguém, era o meu herói, alguém de quem eu me orgulhava quando me dizia as boas noites. Mas as pessoas erram, e ele errou. Só que mais difícil do que perceber o erro, é perdoar quem errou, e foi o que eu não consegui fazer, perdoá-lo, perdoar a atitude que ele teve. Falhou como pai, mas ainda pior que isso, foi eu ter falhado como filha e provavelmente um dos maiores orgulhos que ele tinha na vida. Se morreu feliz? Provavelmente, não. No entanto, eu já o perdoei. Eu já te perdoei, Pai. Amar-te-ei, sempre. Descansa em paz.
Desci, com as lágrimas a escorrerem-me, e sentei-me. As pessoas aplaudiram, até teria ficado contente por terem aprovado o que eu escrevera, se soubesse que as pessoas importantes para mim que ali estavam presentes estavam mais que desiludidas comigo. Eu era a grande desilusão do Mundo. Eu não merecia ali estar.

A missa acabou, e as pessoas começaram a vir ter com a minha mãe, comigo e com os meus irmãos, dando-nos palavras consoladoras e lamentando o sucedido.
O Diogo aproximou-se com a Mafalda, que se abraçou a mim e disse para eu ter força e afastou-se. Eu fiquei estática, a olhar para Diogo, com medo do que ele poderia dizer, ali, naquele momento. Um dos piores da minha vida.
Diogo: Lamento muito, Inês. Acredito no teu arrependimento, mas lembra-te, o arrependimento não basta para as pessoas ficarem felizes.
Abraçou-me, e eu desatei a chorar, sem forças.
Inês: Desculpa-me, Diogo. Dá-me uma oportunidade, por favor.
Diogo: Inês, não dificultes ainda mais a coisas… Vais ser feliz, acredita.
Deu-me um beijo na testa e afastou-se.
Fiquei sem saber o que fazer, pensar, dizer. Cada vez que alguém se aproximava chorava ainda mais. E quando pensava que já não havia mais lágrimas para verter, olhava para os meus irmãos e escorriam sem parar.

Era de noite, e não conseguia dormir, como sempre. Decidi experimentar os comprimidos. Tomei um, e deitei-me… nada. Levantei-me, pus os fones nos ouvidos, e comecei a ouvir música. Não resultava, não dormia. Tomei mais dois.
Só me vinha à cabeça o facto de não ser feliz, nem fazer ninguém feliz. As pessoas que desiludi num curto espaço de tempo, tudo o que se tinha passado de mal na minha vida. Para que existia eu? Para fazer sofrer quem eu mais amava? Para quê? Porquê?

continua (…)
(ou é o penúltimo ou o ante-penúltimo capítulo,
dependo do que eu decidir fazer no próximo)

9 comentários:

Anónimo disse...

Vou-te ser sincera querida. Não gostei. A cena do Diogo entendo, dos irmãos e da Mafalda não. A Mafalda como amiga não se devia ter afastado só porque a amiga se embebedou, os irmãos não se deviam ter afastado até porque ela não podia fazer nada para ajudar o pai.
Mas é só a minha opinião. Aposto que muita gente vai gostar querida :D

Rita disse...

gosto tanto. confesso que me emocionei neste capítulo, parabéns querida!

Anónimo disse...

Não, está bem explicado. Eu é que não fazia isso como amiga ou como irmã dela. Ela não sabia que isso ia acontecer ao pai e a amiga nem foi capaz de a ir acordar quando veio do hospital. E na festa, a coisa mais normal (infelizmente) é as pessoas comportarem-se assim

cherry blossom disse...

a sério , é que estou até perturbada com as pesquisas :s

Kamryn. disse...

sigo, e estou a adorar, mesmo , é pena já estar a acabar :x

Pat disse...

estou a adorar! emocionei-me neste último capitulo, continua rápido *

Catarina disse...

obrigada princess!!! beijocas ! e post'a rapido continuação!

marilia . disse...

li e gostei bastante .

- Andreia disse...

adorei simplesmente (: vou seguir-te

- beijinhos *